sábado, 29 de março de 2014

CARÍCIA


 


CARÍCIA

Poema de amor, um tanto místico




Vem para perto de mim, meu amor,
Deixa apagar-se o fogo do dia!
Que tuas mãos deslizem, chamas de cetim,
No meu corpo vinebriado sob o astro da manhã!
Enlaça meus ombros, põe rosas com folhas,
Nossos corpos que se atraem longe do dia que se estira,
Tuas carícias eólicas nos meus quadris voam,
Teu perfume que respiro, sem dizer palavra!
Saciado dos meus seios, meu corpo enfim, se entrega
louca pelos teus beijos na minha negra rosa sagrada!
Lenta agonia, murmúrios de mil paixões desabrochadas
Tu te inflamas em mim, eu me atiro em teus braços!


Traduzido pela Renata Cordeiro, ou seja, eu mesma, do meu original francês.
Orkutei.com.br

sábado, 22 de março de 2014

LOUCO, O CORAÇÃO


LOUCO, O CORAÇÃO


Louco, o coração rasgou-me o peito, estilhaçou a vidraça do quarto e desobediente, voou a procurar-te. 
Parou na tua rua, viu a luz lá dentro e bateu à porta suavemente. 
Como eu antes fazia. 
Quando abriste, se apertou contra ti, tremendo de emoção e assim ficou sem dizer nada... 
Como eu antes fazia. 
Depois beijou-te a boca com a urgência da saudade, sentiu o teu cheiro, tocou-te o corpo, procurando o teu desejo, alimentou-se de ti... 
Como eu antes fazia. 
Saciado, deixou-te só, depois do abraço apertado como cordas, forte como amarras... 
Depois das palavras sussurradas com voz quente...
Como eu antes fazia...
Quando te vi chegar, o meu coração ferido, esse teimoso indomável, não teve coragem de te castigar... 
Recolheu-te com carinho e tratou das tuas feridas. 

domingo, 16 de março de 2014

CORPO DE AREIA





CORPO DE AREIA

Corpo feito de grãos de areia

Fica perto da água, à beira

Como um navio que sai ao mar,

Sem saber onde aportar

Corpo tão escultural

Feito de iodo e sal

Vagas carinhosas

Águas deliciosas

Paraíso dos peixes multicores

Os farnientes a vinham admirar

A Imagem que despertava amores

E Ele estava lá... a contemplar...

terça-feira, 11 de março de 2014

FUI AQUELA


 
 
FUI AQUELA
 
 
Fui aquela que aos anjos sorria
Fui aquela que a paixão inflamou
Fui aquela que pôs fé na magia
Fui aquela cujo sonho a estrela embalou
Com a lua dancei
Com as estrelas valsei
Sorri ao contemplar o nascente
E brilhei com a lua ao poente
Fiz a estrela cintilar
Escalei as nuvens, rindo sem parar
Com a noite girei ao vento que aos meus ouvidos ria
Fui aquela cujos sonhos realizaria
Pois sorri à esperança
Como sorri uma criança
Sentei-me na erva, debaixo das ramadas,
vendo mil pontos de prata, a que chamei fadas
Fui aquela que, como o cristal, se quebrou
E ainda hoje aos pedaços eu estou
e sei que o luar é ainda o meu lugar
e quando mais forte brilham as estrelas
sei que me chamam para ir com elas*

sexta-feira, 7 de março de 2014

ESTA NOITE...



ESTA NOITE....

Esta noite, na cama, sozinha
 Eu adormeci.
Mas foi fechar os olhos 
E estávamos os dois ali

Nos teus braços, 
Era acalentada pela felicidade.
Ébria das tuas carícias, 
 Afogava-me num oceano de delícias

Temia despertar 
Por temer a realidade
meu amor, leva-me contigo
Deixa-me ainda deleitar

Sei que não é só sonho
Mas a pura verdade 
Quero acordar e ver-te risonho
Para-além da eternidade
 
rc

quinta-feira, 6 de março de 2014

DENTRO DE MIM


DENTRO DE MIM


Dentro de mim

navegas como um barco

incerto, à deriva

Ondas gélidas e enfurecidas

que vêm e vão

nessa turbulência

eu, que me fecho em ostra,

fazendo um esboço em minha face

de um sorriso esmaecido,

açoitando em minha alma essa solidão

momento insone em que lágrimas

fazem arder as minhas retinas

em gotículas que ferem como agulhas

dentro do meu coração

num choro compulsivo dessa lembrança

Dor que ainda sinto daquele Adeus

desmoronando em cada arrebentação

rc


quarta-feira, 5 de março de 2014

MOMENTOS

 
 
MOMENTOS



Numa tira de papel
– uma das tantas folhas que carrego - ensaio 
um poema e me lembro – quando muito – de uma canção
 Ao redor, cenas perfeitas nos gestos
E rostos desconhecidos
 E você monta num roteiro imaginário
Diálogos não ouvidos, reconstruindo
Num piscar de olhos a vida, um teatro?
Olhos abertos, submergimos em nossa própria história
ah, essas águas contidas que às vezes
rompem barragens e nos arrastam no turbilhão...
Essas pupilas que se refletem não precisam de linguagem;
são dois espelhos cara a cara à procura de uma imagem
quando a vêem são muitas, divididas
Girar a roda do tempo
tornar àquela praia, falar ao vento
e às ondas do mar do ponto
em que se se cruzaram - estranhos – nossos caminhos...
entre quatro paredes reviver os momentos de prazer
e dor antecipada da tristeza mais funda deste mundo...
As mil histórias que vivemos rebelam-se
à escritura, não querem perenidade à falta de futuro
talvez só um pouco de ternura, querem ser presente,
mesmo que efêmera felicidade

rc

terça-feira, 4 de março de 2014

PONHO-ME A ESCUTAR...





PONHO-ME A ESCUTAR...


“Não sei por que desejo chorar
Será pelo pesar que escondo,
Talvez pela minha infinita sede de amar.”
Ramón López Velarde


Ponho-me a escutar, atenta, o peito,

Como o mar escuta a margem

Ouço meu coração bater, sangrando,

Sempre e jamais igual

Sei por quem bate assim, mas não posso

Dizer por quem é.

Se dissesse a fantasmas

De palavras, enganos, ao acaso,

Chegaria, tremente de surpresa,

A inventar a verdade:

Quando fingi querer-te, não sabia

Que já te queria!


rc